BR Malls negocia venda dos shoppings São Luis e Via Brasil

Por Adriana Mattos | Valor

A administradora de shopping centers BR Malls negocia a venda do São Luis Shopping (MA) e do Via Brasil (RJ), disse nesta segunda-feira, em teleconferência com analistas, o presidente da companhia, Ruy Kameyama. As conversas com interessados acontecem no mesmo período em que a companhia negocia a venda de sete empreendimentos para um fundo imobiliário do BTG, por quase R$ 700 milhões.

Caso a transação envolvendo esses dois ativos seja concluída, e já considerando a venda dos empreendimentos ao BTG, a BR Malls terá diminuído consideravelmente sua carteira desde que mudou a gestão, com a saída de Carlos Medeiros da presidência e o início da gestão de Kameyama — eleito com apoio de gestores investidores, como a Dynamo.

No fim da gestão de Medeiros, a empresa já vinha reduzindo sua carteira e anunciava mudanças na estratégia, mas a saída era menos acelerada. Em maio de 2017, quando houve a troca na administração, a empresa tinha 44 empreendimentos. Dois anos após a entrada de Kameyama, e ao fim dessa estratégia de saída de shoppings, a empresa terá 29 ativos na carteira. A BR Malls chegou a ter 50 empreendimentos anos atrás, mas parte do portfólio, criado em cima de aquisições, tinha ativos de baixo desempenho. Analistas perguntaram hoje ao comando sobre o efeito da queda da escala nas despesas, com a venda de shoppings. “Acreditamos que o Ebitda deve ficar mais ou menos parecido [após a venda]”, disse Kameyama. “Já estávamos adequando a empresa a esse menor volume [de emprendimentos].”

O presidente da BR Malls disse ainda que vendeu shoppings com nível de desconto maior dado a lojistas, e isso deve reduzir o nível de desconto da carteira final do grupo. Ainda afirmou que, se a venda de ativos reduz o portfólio, ao mesmo tempo irá “aprofundar estratégia” em ativos estratégicos. Após a venda de ativos, o foco, na prática, continua a estar naquilo que a companhia tem feito na prática, desde a troca na gestão. A empresa diz que a atenção se volta para melhorar shoppings atuais, fazer novas mudanças no mix, se necessário — isso já vinha sendo feito — e avaliar novas aquisições. A ação da empresa era a maior queda do setor após o fim da teleconferência nesta manhã. Por volta das 11h30, o papel caía mais de 2,5%, negociado a R$ 14,68. Com a “limpeza” que a BR Malls vem promovendo em sua carteira nos últimos dois anos — com foco maior neste ano –, a direção da empresa diz que melhora a composição dos resultados.

Com a carteira final após as vendas concluídas, com 29 empreendimentos, 93% do lucro operacional virá do conjunto de ativos de primeira linha da companhia (chamado grupo 1 e 2). Em 2017, era 81%. Segundo a empresa, ao fim desse processo, 7% do portfólio será formado por ativos ainda em maturação. A empresa disse que não pretende vender os shoppings que fazem parte desse grupo. “Após vendas recentes, o portfólio restante será trabalhado no longo prazo”, disse Kameyama. O executivo ainda afirmou que, se surgirem aquisições, o balanço atual permite negociações, considerando que a alavancagem não sobe com a venda dos ativos.

Questionado sobre o fechamento de novas compras — a BR Malls buscou novos ativos na região Sul nos últimos meses, mas não conseguiu fechar negociações –, o executivo disse que as aquisições “não estão mais difíceis” e a empresa pode buscar sócios para fechar novas compras.

O mercado continua muito difícil para construir novos shoppings”, disse ele, que não previu datas para retomar a abertura de empreendimentos construídos a partir do zero. “As prioridades são, por ordem, aquisições, expansões e, por último, novas aberturas”, disse a analistas.