BRMalls negocia com HSI venda de três shoppings

A BRMalls está em negociações com a empresa HSI/Saphyr para a venda de três shopping centers de seu portfólio: o Shopping Paralela (BA), Granja Vianna (SP) e Ilha Plaza Shopping (RJ), informou ontem o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Ontem, a ação da companhia fechou em alta de 3,37%, a R$ 12,87 – o Ibovespa subiu 1,14%.

No momento, a operação passa por análise prévia dos números dos ativos que, somados, tem valor total de R$ 800 milhões. Como a venda refere-se à parcela da BRMalls nos três empreendimentos, caso a transação avance, o montante envolvido deve ficar em torno de dois terços desse total – entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões, segundo fonte. O jornal “O Globo” antecipou na edição do domingo a existência de negociações entre as empresas.

A BRMalls tem 51% do Shopping Paralela, em Salvador; quase 78% do Granja Viana, em São Paulo; e 51% do Ilha Plaza, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. A gestora Vinci tem participação, por meio de fundo imobiliário, no Paralela e no Ilha Plaza. E tem direito de preferência na negociação. Mas a Vinci não sinalizou, até o momento, que tem interesse em exercer esse direito, apurou o Valor.
Procuradas, HSI e BRMalls não se manifestaram sobre o assunto.

A Hemisfério Sul Investimentos (HSI) e a Saphyr são sócias desde 2012, quando a gestora tornou-se acionista da Saphyr, com 49% de participação.

Anos depois, o fundo assumiu o controle da companhia. Há 11 empreendimentos no portólio da empresa.

Se as negociações com a BRMalls avançarem, a compra deve reforçar a posição da HSI no Sudeste e Nordeste – o grupo tem shoppings no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Maceió. A companhia foi se desfazendo de operações sem o retorno esperado nos últimos dois anos, e estaria redirecionando recursos agora para ativos mais dominantes em capitais. Há um ano, a HSI adquiriu o Shopping Metrô Tucuruvi da JHSF Participações por R$ 440 milhões.

Já para a BRMalls, as negociações estão em linha com o plano da empresa de sair de ativos considerados não estratégicos e reforçar o caixa – a empresa tem participação em 44 shoppings no país e, três anos atrás, esse número chegou a 52.

Já foram identificados pela empresa, segundo fonte ouvida, dez shoppings considerados “não core” que a BRMalls pretende vender, apurou o Valor. Os recursos da venda, se as conversas avançarem, devem entrar em caixa meses após a oferta de ações de R$ 1,7 bilhão, em maio, que levou à recompra de US$ 378 milhões de um bônus perpétuo, reduzindo a pressão sobre o balanço da empresa. A posição de caixa em setembro era de quase R$ 1,1 bilhão, 155% acima de 2016.

A empresa teria interesse em avaliar a compra de novos ativos, mas, na prática, não há empreendimentos considerados de primeira linha à venda hoje no setor – o plano da Brookfield de se desfazer de parte de seus shoppings no país não avançou, segundo fontes. A Brookfield tinha um dos melhores pacotes de ativos à venda no país.

As conversas ocorrem ao mesmo tempo em que há uma oferta pública de cotas de um fundo de investimento, no valor de R$ 336 milhões, cujos recursos devem ir para a compra de shoppings da BRMalls. São 3,3 milhões de cotas a R$ 100 do fundo Malls Brasil Plural Fundo de Investimento Imobiliário. A BRMalls é a vendedora dos ativos – são eles Maceió Shopping, Osasco Plaza Shopping e Via Brasil Shopping. A Genial Investimentos, do Grupo Brasil Plural, é a coordenadora líder da operação.

O Valor apurou que o plano inicial era criar um fundo maior do que o colocado no mercado, no valor de R$ 575 milhões, e com dois outros ativos o shopping Granja Vianna, negociado com a HSI, e o Natal Shopping, que a Ancar deve adquirir (o Cade já deu autorização para a venda dias atrás). Com o avanço dessas conversas de venda, e a hipótese de uma demanda menor de investidores, o fundo montado foi redimensionado, apurou o Valor. O período de reserva desse fundo termina na sexta-feira. Fonte:Valor Econômico