
O setor imobiliário brasileiro enfrentou uma queda de quase 30% nas fusões e aquisições no primeiro semestre de 2025, totalizando apenas 19 operações. Esse número contrasta com as 27 transações realizadas no mesmo período do ano anterior, conforme dados da KPMG. A alta da taxa de juros, que começou a ser implementada em 2023, é apontada como o principal fator para essa retração.
Entre todas as empresas brasileiras, o total de fusões e aquisições caiu apenas 5%, com 739 operações registradas no primeiro semestre de 2025, em comparação com 776 no mesmo período de 2024. No setor imobiliário, das 19 operações, 12 foram entre empresas brasileiras, enquanto 4 envolveram investidores estrangeiros adquirindo empresas locais. Além disso, 2 transações foram de empresas brasileiras adquirindo ativos no exterior, e 1 operação envolveu uma empresa estrangeira comprando uma brasileira.
Cautela dos Investidores
O aumento da taxa Selic, atualmente em 15%, e a volatilidade dos mercados internacionais têm gerado uma maior cautela entre os investidores. Juan Diaz, sócio da KPMG no Brasil, destaca que esses fatores influenciam a tomada de decisão e a alocação de capital. Entre 2018 e 2019, o setor imobiliário viu um crescimento expressivo, com o número de fusões e aquisições saltando de 33 para 77, impulsionado por uma Selic em 6,5%.
Apesar da queda geral, o segmento de shopping centers demonstrou resiliência, mantendo o volume de transações. Os fundos que administram shoppings frequentemente precisam oxigenar seus portfólios, vendendo ativos estabilizados para buscar novas oportunidades. Essa estratégia é crucial em um cenário de liquidez reduzida, permitindo que esses fundos levantem capital para novos projetos.
Oportunidades em Meio à Crise
As empresas de shopping centers, que frequentemente têm planos de expansão, podem optar por vender participações em ativos existentes para financiar novos empreendimentos. O custo elevado de financiamento de projetos, que exige 100% do capital do empreendedor, torna essa prática ainda mais relevante. A diferença entre financiamento e incorporação também é significativa, já que na incorporação o comprador financia apenas 30% do custo da obra.
Com a atual conjuntura econômica, o setor imobiliário deve continuar a se adaptar, buscando novas estratégias para enfrentar os desafios impostos pela alta da taxa de juros e pela cautela dos investidores.
Fonte: Portal Tela