Partage compra dois novos shoppings em Alagoas e Santa Catarina

Em meio ao movimento de fusão entre as líderes BRMalls e Aliansce, companhia tenta ganhar musculatura e chegará a 12 unidades com as aquisições

A empresa paulistana de shoppings Partage está colocando em prática um plano bilionário de investimentos que combina aquisições e abertura de empreendimentos. O objetivo é ganhar escala, explorar sinergias e defender o próprio negócio em uma indústria que caminha para consolidação – o principal exemplo está na fusão das líderes Aliansce e BRMalls.

A Partage, dona de dez centros de compras atualmente, acaba de fechar a aquisição de mais dois empreendimentos: o Jaraguá do Sul Park Shopping, em Santa Catarina, e o Arapiraca Garden, em Alagoas. Os ativos foram vendidos pela Tenco por valores não revelados pelas empresas.

Segundo fontes de mercado, cada empreendimento tem valor estimado na faixa de R$ 450 milhões a R$ 500 milhões. No caso do Jaraguá, a Partage ficou com 100% do imóvel, enquanto em Arapiraca assumiu uma posição majoritária. Ambos são empreendimentos jovens, inaugurados há menos de dez anos.

Além do cheque polpudo assinado para as duas aquisições, a Partage está iniciando a construção de outras duas unidades de peso. Uma delas fica no bairro do Cambuci, em São Paulo, e a outra no Lago Sul, em Brasília, sob investimento total de R$ 800 milhões.

“Apesar dos desafios macroeconômicos vistos agora, este é um mercado que requer visão de longo prazo. Estamos comprando e desenvolvendo esses shoppings para ficarem com a gente, não para serem vendidos em seguida”, ressalta o diretor Comercial e de Novos Negócios da Partage, Adriano Capobianco, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Potencial para crescimento

Na sua avaliação, há demanda de varejistas para abertura de lojas em shoppings, desde que esses empreendimentos estejam em áreas estratégicas. “Mesmo com pandemia, tivemos resultados muito bons ano passado, o que nos deu confiança de que podemos ampliar as operações”, argumenta. As vendas dos lojistas do grupo movimentaram R$ 2,3 bilhões em 2021. Para 2022, a expectativa é chegar a R$ 3 bilhões, um aumento de 30%.

Embora esteja em franco crescimento, a Partage trata uma eventual fusão como um tema fora da agenda neste momento. “Hoje não está nos planos. No futuro, não sei”, comenta o executivo. O mesmo raciocínio vale para uma eventual abertura de capital em Bolsa (IPO, na sigla em inglês).

“As aquisições vão nos permitir entrar em mais dois novos Estados onde ainda não estávamos presentes. E os greenfields (novos projetos) vão nos colocar em duas novas capitais”, diz Capobianco, referindo-se às duas aquisições e a shoppings previstos para São Paulo e Brasília.

O mercado de shoppings ainda é muito pulverizado no Brasil. Juntas, as maiores do ramo – BrMalls, Aliansce, Multiplan e Iguatemi – têm menos de 20% de participação do mercado – o que indica que há espaço para consolidações com o passar dos anos.

Em obras

O futuro shopping da Partage em São Paulo ficará na Avenida do Estado, na zona central. Trata-se de uma iniciativa antiga, de 2015, pensada por Carrefour, Saphyr e HSI. Em meio às últimas crises, não deslanchou. A Partage comprou o projeto no fim do ano passado e iniciou uma reformulação.

A previsão é de inaugurar no primeiro semestre de 2025. O empreendimento terá 44 mil m² de ABL, o suficiente para comportar 250 lojas, 8 restaurantes, 8 salas de cinema, além de 3 mil vagas de estacionamento. O andar superior será uma área aberta com verde, gastronomia, lazer e vista. A ideia é atrair consumidores também da Mooca, Aclimação e Ipiranga.

O outro empreendimento, em Brasília, ficará na região do Lago Sul, próximo ao aeroporto e ao setor de mansões. A inauguração está programada para setembro de 2024 e terá, na largada, uma ABL de 39 mil m². Serão 169 lojas, 22 restaurantes, 7 salas de cinema, mais mercado e academia.