Allos pode vender fatia de shoppings grandes a fundos imobiliários

Depois de consolidar a fusão entre Aliansce e BR Malls, a agora Allos avalia vender participações minoritárias em alguns de seus maiores empreendimentos a fundos imobiliários. Com um portfólio de 53 shoppings administrados, a companhia já tinha sinalizado também a intenção de se desfazer de cerca de cinco ativos, que são de menor porte ou menos rentáveis.

“Nos shoppings menores, em cidades ou regiões que não somos líderes ou co- líderes, vamos vender a participação, para focar nos ativos mais relevantes. Mas outra oportunidade é eventualmente vender participações minoritárias em shoppings grandes para fundos imobiliários, naqueles com menor potencial de crescimento mas alta performance, que queremos manter no portfólio”, disse Rafael Sales, CEO da Allos, ao Pipeline.

Essa revisão de portfólio ajuda a rentabilizar os investidores e apostar nos empreendimentos de maior expansão, explica. “A gente coloca esse dinheiro nos shoppings com maior oportunidade crescimento, para compra de terrenos adjacentes, por exemplo, ou aumentamos o retorno para o acionista, via dividendos ou recompra de ações”.
 
A fatia vendida nesses shoppings maiores seria de 10% a 20%. Segundo Sales, não há um número de ativos definido para essa estratégia, que depende de preço. “Seria muito mais por uma oportunidade de vender com um preço que seja mais justo do que o das ações hoje, que a gente que estão descontadas em relação ao tamanho e entrega da companhia”, diz.

O início da queda da Selic tem ajudado a melhorar o ânimo do comércio. Sales observa que maio foi um mês ruim, com queda no Dia das Mães, no comparativo, patamar razoável em abril e junho, e melhora em julho. “As vendas cresceram 10% em julho. Só a perspectiva de o BC parar de subir juros e a curva longa ir se acomodando já ajudam os bancos a voltarem a dar crédito, animando o varejo com novas coleções, reforma de loja”, diz o CEO.

Com isso, os fundos imobiliários que investem em shoppings também voltaram a se mexer. Gestoras como XP e Hedge Investments decidiram fazer novas captações em veículos especializados e casas como Capitânia e JHSF Capital resolveram estrear no segmento.

A companhia divulgou há pouco os resultados do segundo trimestre, que mostram um aumento de 27% no fluxo de caixa operacional ajustado, para R$ 273 milhões. As despesas, finalizados os ajustes de integração, começaram a cair no último trimestre, mas devem cair mais nos próximos.

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As vendas totais em 5,4%, para R$ 6 bilhões, num período fraco para o varejo em geral, e a receita de aluguel em lojas locadas há mais de um ano aumentou 11,5%, acima da inflação acumulada. Com isso, a receita líquida somou R$ 644 milhões, crescimento real de 9,1%.

“Esse balanço começa a mostrar o valor sendo gerado para a companhia, em termos de resultados financeiros. Finalizadas as integrações de equipe, definição de lideranças, definimos a nova marca, renegociamos com redes grandes e diminuímos a exposição a varejistas em dificuldades”, diz o CEO.

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A Allos reduziu, por exemplo, o número de unidades da Americanas nos shoppings de seu portfólio.  Lojas que ficaram inadimplentes depois do pedido de recuperação judicial não podem ser despejadas, mas o grupo conseguiu encerrar alguns contratos com dívida anterior. “Somos parceiros dos lojistas, temos um relacionamento muito bom, mas neste caso eram lojas que vinham oferecendo um modelo desatualizado para o varejo físico há um tempo”, resume Sales.

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Os shoppings aumentaram a oferta de serviços ligados a bem-estar – como clínicas de tratamento capilar ou de pele – e entretenimento, experiência que gera maior receita por metro quadrado. Mas há espaço para o varejo mais tradicional: a Allos negocia a instalação de lojas da H&M, segundo fontes. “A gente acredita nesse projeto deles e certamente estamos abertos”, desconversa Sales. A varejista sueca de moda quer começar obras no ano que vem, para estrear no Brasil em 2025.

Aliansce e BR Malls começaram a operar como uma empresa só em 6 de janeiro.

Fonte: Valor Econômico